Neurossífilis: análise epidemiológica dos casos diagnosticados em um centro de referência do oeste do Paraná

Introdução: A sífilis despontou nos últimos anos como um grave problema de saúde pública. Entre suas complicações destaca-se a neurossífilis, evento de difícil diagnóstico e manejo clínico. São escassos os estudos desse tema, representando um grande desafio para a prática clínica. Objetivo: Avaliar pacientes diagnosticados com neurossífilis e seus aspectos epidemiológicos, procurando relacionar a evolução da sífilis para a forma neurológica com idade, sexo, raça, estado civil, escolaridade, sintomas, comorbidades, resultados de exames como Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) e análise de líquor. Métodos: Foram analisados dados com base em prontuários médicos obtidos no Centro Especializado em Doenças Infecto Parasitárias (CEDIP), localizado em Cascavel, Paraná, no período de 2018 a 2020. Resultados: Foram documentados quatro casos de neurossífilils no período analisado. Apesar de um número reduzido de pacientes, foi possível analisar o quanto os pacientes são heterogêneos em vários aspectos, principalmente em relação às manifestações clínicas (desde paciente assintomático, sintomas inespecíficos como cefaleia até um quadro mais clássico tipo uveíte) e aos valores de VDRL séricos. Contudo, destaca-se que os quatro pacientes deste estudo apresentavam como comorbidade diabetes mellitus, o que sabidamente é um fator importante de imunossupressão. Conclusão: A pesquisa realçou a complexidade que é o diagnóstico da neurossífilis, visto que a doença pode apresentar sintomas inespecíficos ou até mesmo ser assintomática, acarretando vários casos subdiagnosticados. Dessa forma, fica evidente a importância que tem a avaliação clínica detalhada, o seguimento dos pacientes após tratamento, os critérios para punção lombar e a análise liquórica, a fim de fazer o diagnóstico e, então, o tratamento dessa doença.