Relato de caso de sífilis congênita precoce com comprometimento de par craniano

Introdução: A sífilis é uma doença infectocontagiosa muito prevalente no Brasil, sendo o seu rastreamento no pré-natal e no parto de extrema importância para prevenção da infecção congênita e suas sequelas na infância. Objetivo: Relatar caso de uma lactente de dois meses internada por pneumonia, evoluindo com dificuldade de abertura ocular, exotropia e midríase paralítica bilaterais. Métodos: Revisão de prontuário para relato de caso de caso de sífilis congênita com comprometimento neurológico. Resultados: Lactente internada por pneumonia no centro de tratamento intensivo pediátrico de hospital da rede pública da cidade do Rio de Janeiro. Na transferência para a enfermaria, notaram-se alterações oculares, sendo diagnosticada paralisia do terceiro par craniano. A sorologia Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) materno, coletada durante a internação da lactente, foi de 1:16. A mãe negou tratamento para sífilis antes ou durante a gestação, assim como rastreio no parto. Das outras sorologias relizadas da lactente, apenas a IgG para citomegalovírus foi positiva, com PCR na urina negativo. A análise liquórica mostrou: VDRL não reagente, hiperproteinorraquia e pleocitose. Exames de imagem do encéfalo e pares cranianos foram normais. Diante do quadro clínico, exames laboratoriais e de imagem, associados à história materna de sífilis não tratada, foi feito diagnóstico de neurossífilis congênita, com comprometimento de par craniano. Realizado o tratamento da lactente com 10 dias de penicilina cristalina intravenosa. A evolução foi satisfatória, com resolução das manifestações clínicas e laboratoriais. Conclusão: Destaca-se no relato uma apresentação rara da neurossífilis em lactente jovem. Alterações neurológicas como paralisia de pares cranianos podem ser manifestações clínicas precoces da sífilis congênita. Entretanto, essas costumam aparecer após o primeiro ano de vida.