Hepatites B e C entre portadores de HIV na Amazônia oriental brasileira, 2015-2016: prevalência, epidemiologia e características moleculares do HBV e HCV

As infecções pelos vírus da hepatite B (HBV) e C (HCV) podem apresentar curso crônico, com evoluçãopara em fibrose, cirrose e câncer de fígado. Entre indivíduos portadores do vírus da imunodeficiência humana ( HIV/AIDS), a alta prevalência de co-infecção por esses vírus hepatotrópicos representa um importante problema de saúde pública.. O estudo retrospectivo, de corte transversal, objetivou investigar prevalência, características epidemiológicas e genótipos dos vírus das hepatites B e C entre portadores de HIV/AIDS na Amazônia, durante os anos 2015 e 2016. Foram incluídos 404 (n = 404) indivíduos portadores de HIV/AIDS, atendidos em uma unidade de referência situada na cidade de Belém, Pará. Alíquotas de sangue, soro e plasma foram coletados. A contagem de linfócitos TCD4+ foi realizada por citometria de fluxo. A determinação da carga viral do HIV foi realizada por PCR quantitativo. Foram realizados testes sorológicos e moleculares para marcadores de infecção por HBV eHCV. Indivíduos que tinham HBsAg+ também foram testados para anti-HDV total. A presença de pelo menos um marcador de infecção por HBV foi detectado em 24,2% (98/404) dos participantes, oito (1,9%) foram também positivo para HBsAg+. Oitenta e oito participantes (21,8%) tinham anti-HBs+ isolado, indicando um perfil vacinal. Nenhum dos indivíduos com marcadores sorológicos apresentou contato com o HBV apresentavam anticorpos anti-HDV. Os valores de carga viral e HBV genótipos em relação à contagem de LT-CD4+ e carga viral do HIV foram detectados em oito indivíduos (1,9%) que apresentaram HBsAg+. A prevalência de anticorpos anti-HCV entre os participantes do estudo foi de 0,74% (3/404), sendo o HCV-RNA detectado por RT-qPCR em todas as amostras sorologicamente positivas. Dois participantes (0,5%) apresentaram resultados sorológicos inconclusivos para anti-HCV, entretanto nestes dois indivíduos o HCV-RNA não foi detectado. Entre as três amostras positivas pro HCV-RNA, duas pertenciam ao genótipo 1A e uma ao genótipo 3. Conclui-se que há uma ocorrência de coinfecção, tanto HBV/HIV quanto HCV/HIV, com prevalência inferior à encontrada no cenário nacional na Amazônia.