Crenças e visões de cuidadoras de idosas com demência sobre final de vida, alimentação e disfagia

No Brasil, é comum que as decisões sobre fim de vida de idosos com demência sejam tomadas por seus cuidadores. Dentre as mais difíceis e conflituosas está a de via de alimentação (oral versus gastrostomia), potencialmente influenciada pelas crenças e visões desses cuidadores, assunto pouco explorado na literatura. Este estudo teve como objetivo analisar de forma qualitativa crenças e visões sobre final de vida, demência, alimentação, deglutição e disfagia de cinco cuidadoras de idosas com demência grave assistidas em um serviço público de atenção domiciliar no interior fluminense. Os dados foram gerados por meio de entrevista semidirigida gravada em áudio e transcrita, aplicando-se então a análise de conteúdo. Essas cuidadoras associaram a alimentação à manutenção da vida e ao cuidado; as cuidadoras de idosas que se alimentavam por via oral destacam sentimentos como gratidão e bem-estar ao alimentá-las; já as de idosas com gastrostomia destacaram sentimentos como tristeza, desprazer e preocupação com os aspectos nutricionais. Todas as cuidadoras reconheceram dificuldade para deglutir e/ou se alimentar nas idosas, e declararam que a disfagia possuía impacto na vida das idosas e nas suas, afirmando ser ela um marcador do final de vida.